“Alguns há
que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais;
e outros que retem mais do que é justo, mas é para sua perda.
A alma generosa engordará, e o que regar também
será regado.”
(Pv 11:24,25)
A palavra generosidade vem do Latim generare, que significa gerar, produzir, frutificar.
O generoso é aquele que está sempre a
gerar boas obras e a produzir frutos bons.
Por sua vez, o avarento, nada gera, pois possui uma alma estéril. Não possui,
frutos de generosidade; porque a raiz do seu coração está sem vida e a
seiva do amor secou.
A palavra felix em Latim, tem dois significados: Feliz e fértil. O que nos leva a concordar, que a felicidade
é fertilidade. O generoso celebra a
felicidade quando gera, quando frutifica – e, portanto, é verdadeiramente feliz. Quando você encontrar alguém que se diz
feliz da vida, observe, se o mesmo é generoso.
Se não, duvide. Pois, é
impossível ser feliz e ao mesmo tempo ter um coração como um solo estéril.
Vamos agora ao Novo Testamento para observarmos algumas
ricas verdades sobre esta palavra chave de nossa oferta – a
generosidade. Creio que os queridos
irmãos macedônios, que ensinaram, não somente a Igreja em Corinto, mas, todas
as igrejas daqueles dias; nos ensinam
ainda hoje, lições de como sermos generosos no Serviço do Rei:
“Também vos fazemos conhecer a
graça de Deus dada às igrejas da Macedônia;
Como em muita prova de
tribulação houve abundancia do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou
em riquezas da sua generosidade.
Porque, segundo o seu poder (o
que eu mesmo testifico), e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente,
Pedindo-nos com muitos rogos a
graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos.
E não somente fizeram como nós
esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós,
pela vontade de Deus.” (2 Co 8:1-5)
Os irmãos macedônios nos
mostram qual é o perfil do crente generoso:
1. O generoso é movido pela Graça
O apóstolo Paulo explica que a razão dos macedônios serem tão generosos,
era porque eram crentes cheios da Graça de Deus. Tudo porque, o edifício da generosidade só
pode ser construído sobre o alicerce da Graça.
A Graça é que nos torna generosos, é isto que ocorreu com os queridos
macedônios.
É notável como neste texto bíblico, aparece seguidas vezes a palavra
“graça”:
Primeiro:
Os macedônios nos ensinam que ofertar
é vivenciar a Graça de Deus em nossa vida “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia” (2 Co 8:1). Vemos aqui que contribuir é uma graça. Para muitos crentes avarentos e
materialistas, contribuir é martírio;
mas contribuir para o crente generoso é privilégio, é benção, é graça.
Segundo:
Os macedônios nos
ensinam que a graça de ofertar deve ser prioritária na nossa vida:
“Pedindo-nos com muitos rogos
a graça, e a comunicação
deste serviço, que se fazia para com os santos.” (2 Co 8:4)
Que lindo! Chegaram a rogar a
Paulo que também queriam ofertar aos crentes necessitados na Judéia que
passavam naqueles dias, muitas privações.
Na maioria das vezes, nós pastores, temos que rogar, e muitos de nós,
chegamos às raias da súplica veemente; para que os membros de nossas igrejas
ofertem e dizimem. Ouvi, até de uma
atitude absurda de um pastor que queria reduzir o dízimo de seus crentes para
5%; tendo em vista o número crescente de crentes avarentos em seu redil.
Mas, no caso dos macedônios; nem
Paulo, nem Tito, nem outro líder lhe pede para que contribuam; mas, a graça de Deus era tal no coração
deles, que sem nenhuma coação, mas movidos pelo Espírito de Deus, rogam a Paulo: “Não
nos deixem fora desta graça, queremos
também ofertar!
Terceiro:
Os macedônios ensinam
aos crentes de Corinto, que ofertar é uma graça para ser imitada
“De maneira que exortamos a
Tito que, assim como antes tinha começado,
assim também acabasse esta graça
entre vós. (2 Co 8:6)
Paulo fala da graça de ofertar dos irmãos macedônios, e em
seguida menciona que esta mesma graça, esta também presente na Igreja em
Corinto.
A graça tem caráter pedagógico, a Graça ensina. Permitamos ser ensinados pela Graça e nunca
pela avareza, cujo deus é Mamon.
E que tomemos, por exemplo, crentes liberas e generosos; e que nunca
venhamos a nos espelhar naqueles que fecham a mão para a Obra do Senhor, porque
são escravos do dinheiro. Imitemos os
irmãos macedônios, e que nunca nos falte a mesma graça em nossa vida cristã.
Quarto:
Paulo nos ensina que da mesma
forma que devemos crescer espiritualmente, devemos crescer de igual modo na
graça de ofertar
“Portanto, assim como em tudo
abundais em fé, e em palavra, e em ciência, e em toda diligencia, e na vossa
caridade para conosco, assim também
abundeis nesta graça.” (2 Co 8:7)
Espiritualidade sem liberalidade é falsidade. O crescimento de nossa vida cristã deve ser
equilibrado. O que Paulo está desejando aos irmãos de Corinto é exatamente
isto: Que sejam transbordantes na fé, na
palavra, no conhecimento, etc. Mas, que
de igual forma, transbordem em liberalidade pela graça de ofertar.
Quinto:
Em seguida Paulo destaca o maior
exemplo na graça de dar, Nosso Senhor
Jesus Cristo
“Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis.” (2 Co 8:9)
O saudoso mestre nas Escrituras, o missionário Donald Stamps, ao
comentar este texto bíblico, disse que: “Dar de modo sacrificial, fez parte
essencial da natureza e do caráter de Jesus Cristo aqui no mundo. Porque Ele se fez pobre; nós, agora,
participamos das suas riquezas eternas. Deus quer
uma atitude idêntica na Igreja , como evidencia da sua Graça operando em
nossas vidas.”
Somente entenderemos a profundidade da graça de ofertar, quando
assimilarmos o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.
2.
O generoso é verdadeiramente rico
“Como em muita prova de
tribulação houve abundancia do seu gozo, e como a sua profunda pobreza, abundou
em riquezas da sua generosidade.” (2 Co 8:2)
Os crentes da Judéia estavam vivendo momentos de muita privação
material. Tal fato, fez com que as
igrejas se mobilizassem em um grande mutirão de generosidade para ajudá-los
naquela hora tão difícil.
O que é surpreendente é o ingresso nesta lista de igrejas solidárias: as igrejas da Macedônia. Porque os crentes macedônios eram tão
pobres, quanto aos crentes da Judéia;
mas, mesmo sendo muito pobres, se apresentaram como os mais ricos,
porque eram ricos em generosidade.
Notemos o quanto eram financeiramente pobres, a ponto de Paulo dizer: “a sua profunda pobreza” (2 Co 8:2). Mas, esta condição de extrema pobreza não os
impediu de serem ofertantes em potencial, porque eles transbordavam em riquezas
de generosidade.
3.
O generoso excede sempre no ato de dar
“Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo
testifico), e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente.” (2 Co 8:3)
Exceder no
ato de dar, vai além do exceder em valores monetários. Um crente que ganha um pequeno salário pode exceder
em muito àqueles que não ofertam motivados pelo amor e pela Graça de Cristo,
que diga a viúva pobre que por ser generosa, excedeu a todos aqueles ricos no
ato de dar:
“E, estando Jesus assentado defronte da arca do
tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do
tesouro; e muitos ricos deitavam muito.
Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas
pequenas moedas, que valiam um quadrante (um centavo).
E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva
deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro;
Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas
esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento.”
(Mc 12:41-44)
4.
O generoso é sempre um ofertante voluntário
“...deram voluntariamente.” (2 Co 8:3)
Os crentes macedônios não contribuíram por obrigação e nem por coação. Mas, se dispuseram a ofertar com alegria, e
isto fizeram espontaneamente.
Quando da edificação do Tabernáculo, o coração dos israelitas se
dispuseram a contribuir: “E veio todo homem, a quem o seu coração
moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o impeliu, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor para a
obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para as vestes
santas.” (Ex 35:21)
A memorável pergunta do rei Davi ainda soa em nossos ouvidos hoje: “...Quem,
pois, está disposto a encher a sua mão, para oferecer hoje voluntariamente ao
Senhor ?” (1 Cr 29:5)
5.
O generoso antes de dar sua oferta, se dá primeiro ao Senhor
“E não somente fizeram como
nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a
nós, pela vontade de Deus.” (2 Co
8:5)
Para Deus, o ofertante sempre precede a sua oferta. Que valor terá uma oferta cujo ofertante não
se deu primeiro ao Senhor? Por certo
valor algum.
Quando entregamos nossas ofertas e dízimos, que tudo isto seja sempre
precedido por nossa entrega total a Deus.
Que valor tem nossa oferta para Deus,
se o nosso coração e nossa vida não lhe pertencem ?
Seja a nossa contribuição, o bendito eco de nossa rendição a Cristo; e
que ao trazermos o que temos, possamos dizer:
- Damos a Ti, porque
pertencemos a Ti !
Antes de dizer, traga-me a tua
oferta, o Senhor está dizendo: “Dá-me,
filho meu, o teu coração...” (Pv 23:26)
6.
O generoso é alvo das bênçãos de Deus
Falando das bênçãos sobre o crente generoso no Reino, o apóstolo Paulo
reitera:
“E, digo isto: Que o que semeia
pouco, pouco também ceifará; e o que
semeia em abundancia, em abundancia também ceifará.
Cada um contribua segundo propôs no seu coração;
não com tristeza, ou por necessidade;
porque Deus ama ao que dá com alegria.
E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda
a graça, afim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em
toda a boa obra.
Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre.
Ora, Aquele que dá a semente ao que semeia, e pão
para comer, também multiplicará a vossa
sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça.
Para em tudo enriqueçais para a toda beneficência,
a qual faz que por nós se dêem graças a Deus.” (2 Co
9:6-11)
O meu querido amigo do coração, pastor Valdir Medeiros contou-me um
lindo e comovente testemunho, a respeito de como Deus galardoa o coração
generoso:
Há muitos anos atrás, um pastor foi convidado para ministrar em uma
cidade distante. Mesmo com pouquíssimos
recursos, reuniu o dinheiro para pagar a
passagem de trem. Chegou a tempo, e com
muita graça pregou a Palavra. Vidas foram salvas e libertas, e Deus renovou sua
Igreja.
Pretendia voltar para sua cidade, logo pela manhã; pois, o trem saía às
seis horas da manhã. Esperava que o
líder da igreja que o convidara, lhe desse uma oferta para cobrir as despesas
da viagem e também lhe concedesse hospedagem naquela noite fria, o que não
ocorreu.
Após o término do culto, todos foram embora, cada um para sua casa; e o
desprezado arauto ficou em frente ao templo, surpreso pelo descaso e falta de
amor fraternal do pastor daquela igreja.
No entanto, não reclamou, não murmurou,
não abriu sua boca. Pensou
consigo: Deus sabe o que faz... O jeito
é dormir no banco da estação, e por lá esperar o trem de amanhã. Quando se dirige à estação, encontram
numa esquina alguns irmãos da igreja que parados conversavam. Então teve uma idéia de perguntar para eles
onde ficava um hotel por ali. Tinha a
esperança, que se tocassem, e lhe convidassem para hospedá-lo na casa de um
deles, pois dinheiro para hotel não possuía.
Mas, para sua tristeza, eles responderam:
- Pastor, o senhor desce esta
rua; logo a frente tem um hotel.
Ele agradece aos irmãos e segue seu caminho para a estação de trem. Quando, de repente um irmão vem correndo
atrás e lhe pergunta:
- Pastor, ninguém lhe hospedou?
Isto não se faz com um profeta do Senhor... Pastor, onde o senhor está indo?
- Estou indo dormir na
estação, porque o trem sai às seis horas da manhã – responde o
pastor.
Imediatamente, o irmão oferece com todo amor sua casa:
- Pastor, sou o mais pobre da igreja. Minha casa tem só um cômodo, é
muito simples. Pastor venha comigo, o
senhor não vai passar a noite no frio.
Minha pequena casa é sua pastor!
Ao chegarem, a esposa deste generoso irmão faz um café, todos se
alimentam e se alegram na comunhão no Senhor.
O pastor louva a Deus pela vida daquela família, que seguindo o exemplo
dos crentes macedônios, que da profunda pobreza abundaram em riquezas da sua
generosidade (2 Co 8:2)
Pela manhã, novamente, após mais um abençoado café, aquele querido irmão
e sua família se despedem do pastor. Ele
ora por todos e segue sua viagem de regresso.
Muitos anos depois, este mesmo pastor é convidado para pregar em outra
cidade. Após a ministração, um irmão
muito bem vestido vem ao seu encontro, lhe cumprimenta e lhe pergunta:
- O senhor se lembra de mim? Eu
sou aquele irmão que naquela noite, lhe hospedei em meu casebre... Pastor, Deus me prosperou; hoje tenho várias
fazendas e sou um empresário bem sucedido para a glória de Deus.
O pastor abraça emocionado o irmão, e lhe pergunta:
- Querido irmão, louvo a Deus
porque Deus tem lhe prosperado! Mas,
nestes anos, fiquei com uma pergunta, deste quando estive em sua casa naquela
noite: Eu notei, que a sua casa tinha
apenas um cômodo. E, que o irmão e sua esposa me cederam a cama de vocês para
que eu pudesse dormir; notei também, que
seus filhos dormiam no outro canto da casa.
Lembro-me que o irmão e sua esposa, saíram, não os vi dentro da casa; onde os irmãos foram? Onde vocês
dormiram? Vocês foram para casa de algum
vizinho ou parente? Onde vocês passaram a noite?
O irmão com o rosto banhado em lágrimas respondeu:
- Pastor, grande foi a honra
de recebê-lo em nossa casa, apesar de tão humilde e tão pobre. Mas, naquela noite, saí com minha esposa, e
nos assentamos em um pequeno banco do lado de fora, e ali passamos a noite
falando das coisas de Deus, até que o dia nascesse e o amado pastor pudesse
descansar.
O que fizemos, fizemos com
alegria e amor!
Imaginai a grande emoção deste maravilhoso reencontro entre o profeta e
este crente generoso.
Após o abraço recheado de lágrimas de gratidão e alegria, disse o pastor:
- As bênçãos derramadas hoje
na sua vida meu irmão, é o resultado de seu amor e de sua generosidade.
"Mais
bem-aventurada coisa é dar do que receber"(At 20:35)
Conta-se que
certo crente, no momento do ofertório, cantava com toda eloqüência o famoso
hino:
"Se o mundo inteiro fosse meu, Eu o daria ao
Redentor". Mas, enquanto cantava, tinha a mão no bolso procurando
diligentemente a menor moeda para
ofertar.
Jamais
esqueçamos que tudo é regido pela lei da doação: as nuvens dão a chuva, o Sol
dá seus vivificantes raios luminosos, as plantas dão as flores, sombra e
frutos, a terra dá seu fruto e alimenta o homem, os mares e os rios devolvem a
água que recebem, liberando-a em forma de vapor, que as nuvens acolhem e dão de
novo, em um interminável ciclo de doação.
Toda a criação
entende a bênção de dar. Todo o universo jamais interrompe a linguagem do dar; enquanto
nós, muitas vezes, pela avareza, interrompemos o ciclo. E como conseqüência, não provamos o derramar
das abundantes bênçãos que Deus destinou aos corações generosos.
Pastor Marcos Antonio
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