quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

QUAL O PROPÓSITO DA UNÇÃO COM ÓLEO ?

Com muita frequência tenho sido sido indagado a respeito deste assunto, como por exemplo:”É correto ungir objetos ou pessoas que não estão enfermas fisicamente ?”

O fato de no Antigo Testamento, ao instituir o Tabernáculo, o Senhor ter ordenado que a linhagem sacerdotal e os utensílios sagrados fossem ungidos, não dá amparo a ninguém fugir dos padrões Neo-Testamentários.

Primeiramente, Deus determinou que o “Azeite da Santa Unção” (Ex 30:22-33) tinha propósitos específicos na Tenda da Congregação e na consagração dos sacerdotes.

Em segundo lugar, deve-se considerar que o referido azeite, não poderia ser usado para outro propósito, sob pena de juízo por parte do Senhor Deus de Israel. Ex 30:32, declara: “Não se ungirá com ele a carne do homem, nem fareis outro semelhante conforme à sua composição; santo é, e será santo para vós.”

Em terceiro lugar, o texto está falando de uma ordem a um povo, Israel. Lembremo-nos, que os costumes da antiga Aliança, faziam parte do pacto de Deus com o povo israelita.

Isto não abre um precedente, para alguém afirmar: ”Assim como se ungiam objetos no Tabernáculo, também podemos ungir nossa casa, nossa roupa, nosso carro, etc…”. Se temos que cumprir o ritual levítico; então podemos levantar altares, sacrificar animais, queimar incenso, acender candelabros, etc. , Mas tais cerimônias, como Igreja não observamos, pois estas ordenanças cerimoniais fogem de nossso contexto histórico-cultural e do propósito da Igreja do Novo Testamento, pois fomos chamados : “sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”(1 Pe 2:5) .

O fato de profetas e reis também serem ungidos, como sinal de separação e consagração para seus respectivos ofícios, também não deve levar-nos a desvios doutrinários, que normalmente visam acomodar uma idéia sem o verdadeiro embasamento bíblico.

Concernente, ao costume de se ungir hóspedes em Israel; mais uma vez lembro, que não temos autorização bíblica no Novo Testamento, para fazer disto uma doutrina. Pois quem estuda a respeito deste exemplo, bem como o dos anteriores já citados, deve observar o povo de Israel em seu contexto histórico.

Certa vez, fui procurado por um irmão, que pediu-me que orasse por ele e o ungisse com óleo. Como sempre faço em um caso deste; perguntei-lhe:
O irmão está enfermo ?
Não - respondeu-me o irmão, e prosseguiu: - Eu quero que o irmão me unja para que Deus me abençoe!
Antes de orar tive que explicar para ele, o que diz a Palavra de Deus a respeito. Louvei a Deus, que o fez compreender somente em que caso a Escritura , autoriza a unção com óleo.

Segundo o ensino do Novo Testamento, a Unção com óleo deve ser ministrada exclusivamente aos enfermos do corpo:
Mc 6:13, declara-nos: “…e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.”. Esta referência bíblica revela-nos, que os discípulos de Jesus, usavam o azeite para ministrar aos enfermos.
Tg 5:14, “Está alguém entre vós doente ? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor.” Demonstrando ser este, o propósito de se ungir com óleo. Sendo esta, a forma bíblica correta; por que tantos evangélicos cometem tantos desvios ? A resposta está no afastamento da Palavra de Deus, quanto ao seu estudo e obediência. Já não é mais novidade em muitos lugares, pregadores convidarem as pessoas a frente para receberem unção; e um após outro são untados na testa com azeite.

Como a Escritura nos revela, não temos fundamentação para tal procedimento. E quanto a esta unção tão desejada pelos santos; ela não se recebe por este método, mas pela oração e comunhão com Nosso amado Salvador. 2 Co 1:21 diz “…e o que nos ungiu é Deus.” E 1 Jo 2:20 “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo.” Vivamos portanto, cheios desta unção, deixando de lado os erros de interpretação.

Ouvi de um obreiro certa vez, que é bom derramar azeite em todos, para estimular a fé. Que lástima! A fé está tão fraca, que os crentes agora precisam de um “amuleto espiritual”. A fé só cresce com Palavra de Deus: “De sorte que a Fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.”(Rm 10:17). O que a nossa gente está carente é de pregadores comprometidos com a Bíblia, que a preguem com poder e verdade. Uma igreja firmada na Escritura, não dará lugar ao misticismo, nem aos amuletos que tentam roubar o lugar do Espírito Santo.

Voltemos a considerar o uso permitido do azeite segundo a Palavra de Deus, isto é, ministrados aos enfermos: Outro fato digno de consideração, é que não existe nenhum poder curador no azeite. Há quem pregue, que no momento em que o enfermo está sendo ungido, a própria unção divina se materializa no azeite. Os que assim acreditam, seguem o mesmo princípio da antiga crença católica, de que no sacramento da missa, o vinho literalmente transforma-se no Sangue de Cristo e o pão, no Corpo de Cristo. Esta é a doutrina da Transubstanciação.

É inegável, que muitos trazem alguma herança católica e espírita em sua profissão de fé; o que é profundamente lamentável.

Note que o texto de Tiago 5:14, diz:”…e orem sobre ele em nome do Senhor”. Sim, pois os enfermos são curados pelo nome do Senhor, e não pelo azeite. Diz-nos Mc 16:117,18 “Em meu nome…; e porão as mão sobre os enfermos, e os curarão.”
Escreveu Orlando Boyer em seu renomado livro “Esforça-te para ganhar almas” (pg. 115), quando ao tratar da doutrina da Cura Divina, comentou Isaías 38:1-5,20,21; quando da cura recebida pelo rei Ezequias. Boyer considerou o seguinte: “ Não devemos pensar que a cataplasma curou o rei. Não é razoável que uma pasta de figos curasse uma doença mortal (Is 38:1). Não foi água medicinal do Jordão que curou a lepra de Naamã (2 Rs 5). Da mesma maneira, é mais razoável que a ordem de aplicar a pasta de figos fosse para provar a obediência do rei Ezequias.”

Tiago 5:15, “E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará…” O Senhor, e não o azeite, convém que se diga repetidas vezes para não esquecermos. O cego curado descrito no Evangelho de João cap. 9, não saiu proclamando que o poder sarador estava no lôdo aplicado em seus olhos por Jesus, nem tão pouco louvou as águas do Tanque de Siloé; mas reconheceu que foi curado por Jesus (Jo 9:10,11).

Pastor Marcos Antonio

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