A oferta que Deus aceita é gerada pelo amor
Destaco primeiramente, a maior das virtudes, o amor. Tudo porque, se desejamos ser semeadores no Reino de Deus, jamais devemos nos esquecer que sem amor, não existe semeadura aceitável por Deus. Se minha oferta ou dízimo não forem motivadas pelo amor ao Senhor, estou equivocado quanto a este maravilhoso princípio divino, que nos ensina que a benção de dar segundo a Bíblia jamais cheira barganha, mas sim, o precioso perfume do amor a Deus.
1. O texto áureo da Bíblia nos diz com toda a clareza, que o amor está atrelado a doação. O amor de Deus se derramou, e este amor nos trouxe a maior das dádivas – Jesus Cristo, nosso amado Salvador: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigenito, para que todo aquele que nEle cre, não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16).
Um querido amigo lusitano, veterano ministro batista, pastor Avelino Ferreira, que por muitos anos foi missionário em terras africanas, contou-me que certa feita quando evangelizava uma tribo no interior de Angola. E quando pregava com toda a convicção que Deus amava toda aquela tribo, do menor ao maior sem distinção; foi interpelado pelo chefe da tribo, que lhe perguntou:
- Segundo o que aprendemos de nossos ancestrais através de muitas gerações, que quando se diz que ama, se deve demostrar este amor através de algum presente. E, se Deus nos ama como o senhor afirma; onde está o seu presente para todos nós?
Com um sorriso, meu amigo, entendendo que o Senhor tinha preparado aquele momento, respondeu com João 3:16. Disse que o amor de Deus é tão grande, que o fez dar o seu único Filho Jesus na Cruz do Calvário para nos salvar.
O chefe tribal então, convidou toda a tribo a aceitarem a mensagem de Salvação, e acrescentou:
- Deus nos ama, nos deu presente !
O homem aprendeu com Deus, que o amor tem como ato contínuo: a doação. Quando se ama, se doa. Quando amamos, apreciamos materializar nossa afeição dando presentes. E, quando somos acarinhados por tal gesto, quer seja em nosso aniversário, natal ou em outras ocasiões; mais do que o valor monetário do objeto, toca sempre o nosso coração, o sentimento de amor e apreço de quem nos ofertou. O amor é presenteiro, o amor é dadivoso.
Digno de nota, é o parecer do renomado teólogo A.W.Pink, em seu conhecido livro “Os Atributos de Deus”, diz que o Amor de Deus e seu favor são inseparáveis:
O Amor de Deus é pleno de graça. O amor e o favor de Deus são inseparáveis. Esta verdade é exposta claramente em Romanos 8:32-39. O que é esse amor, do qual,nada nos pode separar, percebe-se facilmente pelo propósito e alcance do contexto imediato: é aquela boa vontade ou beneplácito e graça de Deus que O determinou a dar Seu Filho pelos pecadores. Esse amor foi o poder impulsivo da encarnação de Cristo: "... Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito..." (João 3:16). Cristo morreu, não para fazer com que Deus nos amasse, mas porque Ele nos amou. O Calvário é a suprema demonstração do amor divino. Sempre que você for tentado a duvidar do amor de Deus, volte ao Calvário.
Sim, volte ao Calvário para ver que o amor foi materializado no Sangue que nos redime e nas pisaduras que nos dão vida e saúde.
No Monte da redenção, o amor se derramou em presentes, em dádivas da Graça e do perdão de Deus (Rm 5:8).
Sim, o Calvário é o palco onde vemos claramente o amor se materializando na maior doação: Deus por tanto nos amar, nos deu Seu Filho para nos salvar.
Em João 15:13, ele amoravelmente nos revela que a doação de sua vida, foi uma oferta de amor: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.”
Paulo ao falar da graça de ser alvo deste amor, testemunha aos gálatas: “...o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2:20)
2. O patriarca Abraão, vivenciou o amor pelo ato de dar.
“E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te ‘a terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi. Então, se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e fendeu lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.” (Gn 22:1-3)
Jamais Abraão serviu a Deus por coação ou por medo, mas por amor. Sua firme obediencia na Palavra estava sempre fundada no profundo amor que sentia pelo Senhor, seu melhor amigo (2 Cr 20:7)(Is 41:8)(Tg 2:23). Seu sincero amor não lhe permitia fechar seu coração e sua mão. Pelo contrário, Abraão sabia que o edifício da liberalidade somente pode ser construido sobre o alicerce do amor; que o abrir do coração faz a mão se abrir; que o amor anula a avareza e faz festa pela generosidade.
Por amor subiu as encostas do Monte Moriá levando Isaque para entregá-lo para Deus. Por amor não se omitiu, nem fugiu de sua maior entrega. Por amor se rendeu ‘a Palavra do Senhor sem reclamar. Por amor, e somente por amor creu no impossível e viu o invisivel. Por amor entregou a Deus, seu bem mais precioso. E, ao entregá-lo por amor, viu o milagre da provisão, na revelação de Jeová Jiré (Gn 22:7,8) recompensando de forma maravilhosa seu servo, que aprendeu a benção de dar pela maior das motivações – o Amor.
3. Por sua vez, Jonatas filho do rei Saul, ensina-nos também que o amor é dadivoso:
“E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jonatas se ligou a alma de Daví; e Jonatas o amou como ‘a sua própria alma. E Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para a casa de seu pai. E Jonatas e Davi fizeram aliança; porque Jonatas o amava como a sua própria alma. E Jonatas se despojou da capa que trazia sobre si e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.” (1 Sm 18:1-4)
Neste texto observamos a celebração do amor fraternal. Davi e Jonatas nos ensinam lições preciosas:
Primeira: Que o amor não discrimina.
Jonatas era principe, Davi era um simples campesino, um pastorzinho de ovelhas. Mas, o amor fraternal que desconhece preconceitos, ligou aqueles dois corações em sincera amizade.
Segunda: O amor é dadivoso.
Jonatas entendeu que amar significa dar. E, quando sua alma se ligou a alma de Davi, imediatamente, deu o seu melhor para o seu amigo: Suas vestes de princípe. Por certo roupas de grife da época; linho finissimo digno de filho do rei. O Davizinho, acostumado a vestir a sua gasta e simplória roupa de interiorano, agora veste uma roupa super “chique”.
Mas, as dádivas do amor não pararam, Jonatas abre seu material bélico, e dá a Davi também as suas armas: sua espada, seu arco e seu cinto.
O singular gesto de Jonatas revela-nos lindas verdades do Amor:
.Que o amor é a motivação maior do dar
Jonatas não mesclava barganha no relacionamento interpessoal. Simplesmente amava sem esperar nada em troca. Pelo contrário, seu coração generoso cheio de amor o levou a partilha de tudo o que tinha com seu amigo.
Que o amor revela que somos todos iguais. Tudo porque o amor põe por terra as paredes do “apparteid”, as barreiras de toda a ordem. Nesta história bíblica, o princípe e o plebeu, o ricasso e o pobre, o magnata e o roceiro, fazem aliança pelo amor fraternal.
Que o amor nos torna parecidos.
Fico a imaginar quando Davi saiu pelas ruas da cidade usando as vestes de Jonatas. Por certo não poucos confundiram Davi com Jonatas. O Amor nos deixa semelhantes. Bentita clonagem de Deus.
Que o amor é profeta
O amor manifesto por Jonatas transmitiu a Davi tres profecias:
Primeira: Que por maiores que sejam as dificuldades na tua vida, voce será sempre agasalhado pelo apreço dos verdadeiros amigos. Ao vestir Davi com suas roupas, estava dizendo: Que minha estima te agasalhe!
Segunda: Que diante dos inimigos, não te faltará um amigo para guerrear as tuas guerras. Jonatas, ao compartilhar suas armas com Davi estava declarando: As tuas guerras são minhas , tuas batalhas são minhas, conte comigo!
Terceira: Que voce vai chegar ao trono
No amor existe sempre um caráter profético. Quando ministramos amor ao nosso próximo, sem dúvida estamos profetizando; porque o amor é profeta. As dádivas de Jonatas para Davi, foi um ato profético. Ao vesti-lo com as roupas da corte, o amor foi o arauto de Deus para profetizar para Davi: “Vai se acostumando com estas vestes, porque voce será rei de Israel.”
Aprendo com esta verdade, que quando amamos profetizamos bençãos e vitória.
No que tange a nossa oferta, estou certo que quando ofertamos no Reino, movidos pelo amor, não somos apenas semeadores em potencial, mas também profetas em potencial. Ao afirmar que uma oferta profetiza, poderei não ter a concordancia de muitos, que poderão alegar: “Isto não é teológico”. Pode não ser “teológico”, mas é verdadeiramente lógico. Quando dizimo ou oferto por amor a Deus e sua Obra, estou profetizando que minha semente frutificará, que minha sementeira se multiplicará, que meus celeiros transbordarão, que o Senhor meu Provedor me suprirá segundo as riquezas de sua Graça (Fp 4:19); estou profetizando que minha oferta de amor vai sustentar mais obreiros e estes prosperarão, que minha semente se somará a outras para a construção de muitos templos, que minha oferta de amor chegará aos confins da terra através do evangelismo impresso, radiofonico e televisivo, que minha contribuição generosa dará suporte digno a muitos missionários e sua familias, que Deus irá cuidar de minha casa porque estou cuidando com amor de sua Casa.
Uma coisa é um crente lançar sua semente sem amor, outra coisa é semear com amor. E, semear com amor significa uma colheita certa. Não tenho dúvidas, que se minha semente for adubada pelo amor, Deus fará a terra bater continencia ao semeador que ama a Deus. Um coração benevolente, uma mão generosa somados a um solo fértil; o resultado será sempre abundante.
“E semeou Isaque naquela mesma terra e colheu, naquele mesmo ano, cem medidas, porque o Senhor o abençoava.” (Gn 26:12). Jesus falou que a semente na boa terra pode ter níveis de produção: 30, 60 e 100. Entendemos que existem semeadores no Reino que são abençoados em um destes tres níveis. Mas, Isaque chegou no “top”, foi abençoado centuplicadamente. Que lindo, a terra fez continencia para ele.
Cresci no bairro do Bacacherí, na minha querida Curitiba. Neste bairro tinhamos uma pequena congregação na rua Costa Rica, na casa da irmã Ana Milani. Semanalmente muitos irmãos se convergiam para lá para buscarem a Deus. Ainda menino, com meus 13 anos de idade, pegava minha bicicleta, colocava meu cavaquinho nas costas e para lá me dirigia para cooperar com aqueles queridos irmãos.
Irmã Ana, sempre alegre e com o coração cheio de amor, sentia-se muito feliz com cada culto que era realizado em sua casa. Logo após cada culto, ela gostava de nos oferecer um lanche. Certo dia, quando estávamos aproximadamente em 40 irmãos reunidos ali; irmã Ana desejosa de oferecer um café para todos; foi até a cozinha e ficou triste ao constatar que tinha em torno de 3 a 4 colheres de café, que possivelmente daria para fazer café para 4 ou 5 pessoas. Mas, movida pela fé e pelo amor de Deus, colocou a mão sobre aquela pequena porção de café, e orou:
- Senhor, são muitos irmãos...E tenho tão pouco café... Mas, Senhor, eu gostaria tanto de dar este lanche aos meus amados irmãos... Senhor, multiplica em Nome de Jesus !
Fez o café, e levou o bule para a sala onde estavam os irmãos. Todos foram com muita sede ao pote. Aqueles 40 irmãos tomaram bastante café; e como sempre tem, alguns fizeram até o famoso “repeteco”.
Irmã Ana conversando com as irmãs, se esqueceu do bule; foi quando seu esposo, irmão Inocencio lhe perguntou se tinha feito mais café. Ela lhe respondeu que não; e em seguida, levantou a tampa do bule e para sua surpresa e também de todos,o bule estava cheio, como se ninguém tivesse tomado café. Que maravilha! Que lindo! A oferta da querida irmã Ana, cheia de fé e amor, a fez alvo da benção multiplicação e do cuidado de Deus.
Lembro em tempo, que apelidamos o bule da irmã Ana, do “bule do milagre”.
Que Deus em Cristo nos faça semeadores no Reino de Deus, movidos sempre pelo Amor.
Pastor Marcos Antonio
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